segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O que está acontecendo com a Assembleia de Deus?


Não sou assembleiólatra. Nunca ignorei os problemas ligados à denominação Assembleia de Deus. Recentemente, por exemplo, posicionei-me contra o envolvimento do líder de uma das importantes convenções assembleianas com o moonismo. Outra prova de que não me apego de modo idolátrico à denominação à qual pertenço é o fato de reconhecer o lado bom das outras denominações, como fiz, há pouco tempo, ao elogiar a Igreja Presbiteriana do Brasil por sua posição contrária às seitas neopentecostais.

Por outro lado, sou cristão, pentecostal e assembleiano. E, nesse caso, não posso concordar com movimentos antipentecostais e antiassembleianos, que, a cada dia, ganham novos adeptos. Por que não concordo com o antiassembleianismo, especificamente? Por ser assembleiano? Prioritariamente, não. Em João 7.24, o Senhor Jesus asseverou: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”. E muitos oponentes da aludida denominação histórica estão sendo injustos em sua criticidade extremada.

Julgar segundo a reta justiça não é: generalizar, tomando a parte pelo todo; julgar sem conhecer a estrutura de uma denominação; confundir fatos com boatos, principalmente quando se trata de denúncias ligadas a candidatos A e B; basear-se em simbologia forçada para acusar denominações de envolvimento com sociedades secretas; ignorar a história; não reconhecer o lado bom de uma instituição, principalmente quando este é muito superior a fatos negativos isolados.

Vejo na Internet blogs e vídeos no YouTube, bem como recebo e-mails contendo acusações à Assembleia de Deus, de modo genérico. Mas a culpada pelos despropósitos mencionados pelos acusadores é a denominação histórica em apreço ou os pretensos pastores que não fazem jus ao título ministerial que receberam, visto que apresentam condutas e posturas antiassembleianas e até anticristãs?

Ora, Assembleia de Deus é um título, uma denominação, que sofre na mão de muitos enganadores, assim como o título Igreja Batista também tem sido usado de modo inconveniente por muitos. Um dia desses, por exemplo, eu deparei com uma igreja chamada Igreja Batista Ministério Deus É Pentecostal. Seria justo se eu verberasse contra a Igreja Batista, de modo geral, por causa do que vi? Claro que não! Além de generalizar, eu estaria mostrando que desconheço o fato de essa histórica denominação ter se dividido e subdividido, ao longo dos anos.

É claro que esse argumento não se aplica a todas as denominações. A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, é única em qualquer lugar e segue a mesma cabeça, sempre. Não há várias Universais dentro da Universal. Entretanto, no caso da Assembleia de Deus e da Igreja Batista, duas denominações que tomei como exemplo no parágrafo anterior, existem várias Assembleias e Batistas espalhadas pelo mundo que não fazem jus ao perfil de suas denominações históricas.

Assim como a Igreja Batista, a Igreja Presbiteriana, a Igreja Metodista, a Igreja Quadrangular, etc. devem ser respeitadas como denominações históricas, a Assembleia de Deus também merece todo o respeito. É preciso priorizar, nas críticas, a parte envolvida, e não o todo.

Quem conhece a complexa estrutura da Assembleia de Deus sabe que, hodiernamente, a CGADB nada tem que ver com a convenção também nacional da CONAMAD, por exemplo. No caso da CGADB, especificamente, a maioria dos Estados brasileiros possui, no mínimo, uma convenção de ministros ligada à Convenção Geral. E cada uma das convenções estaduais são, em certo sentido, independentes, assim como os ministérios associados a elas...

Por graça de Deus, eu viajo bastante para ministrar a Palavra do Senhor e tenho conhecido a Assembleia de Deus de modo abrangente, em todo o Brasil e fora dele. E posso afirmar, de modo peremptório, que essa denominação possui em suas fileiras valorosos homens de Deus em todas as convenções (CGADB, CONAMAD, etc.) e ministérios.

Sou até capaz de citar nomes, de memória, de alguns referenciais da Assembleia de Deus, sem levar em conta convenções nacionais, estaduais, ministérios, campos, setores, por região, em ordem alfabética, de Sul a Norte:

Sul: Arcelino Victor de Melo, Argemiro da Silva, Cesino Bernardino, Daniel Acioli, Edimundo de Souza, Eliezer de Moraes, Ezequiel Montanha, Geraldino da Silva, João Ceno, José Alves da Silva, José Anunciação dos Santos, José Pimentel de Carvalho, José Polini, Juvenil dos Santos Pereira, Ubiratan Batista Job, Wagner Tadeu dos Santos Gaby, etc.

Sudeste:
Alcides Favaro, Alexandre Sá, Álvaro Além Sanches, Anselmo Silvestre, Antonio Gilberto, Antonio Santana, Carlos Roberto da Silva, Celso Brasil, Doronel Camilo, Esequias Soares, Francisco José da Silva, Jayjairo Castelo, Joedson Costa Dias, José Carlos Padilha, José dos Santos, José Prado Veiga, José Wellington Bezerra da Costa, José Wellington Costa Júnior, Josué de Campos, Lauri Villas Boas, Marinaldo Rodrigues, Moisés Rodrigues, Nataniron Cunha, Oscar Domingos de Moura, Salatiel de Carvalho, Samuel Rodrigues, Severino Pedro da Silva, Tarcísio de Abreu, Temóteo Ramos de Oliveira, etc.

Centro-Oeste: Adjair Macedo, Antonio Dionízio da Silva, Elienai Cabral, JosualdoMendes Dreger, Odilon Xavier, Orcival Xavier, Sebastião Rodrigues de Souza, etc.

Nordeste: Aílton José Alves, Elinaldo Renovato de Lima, Erivelto Gonçalves, Joeser Santana, José Antonio dos Santos, José Apolônio, José Gonçalves, José Guimarães Coutinho, José Teixeira Rêgo Neto, Josué Brandão, Martim Alves da Silva, Nestor Mesquita, Ozires Pessoa, Pedro Aldi Damasceno, Raimundo João de Santana, Raul Cavalcante, Roberto dos Santos, Virgílio de Carvalho Neto, etc.

Norte: Baltazar Cardoso, David Tavares Duarte, Edson Alves da Silva, Gedeão Grangeiro, Gilberto Marques, João Feitosa, Joel Holder, Nelson Luchtemberg, Océlio Nauar, Samuel Câmara, etc.

Se deixei de citar nomes de eminentes pastores que fazem parte da Assembleia de Deus foi por puro esquecimento, haja vista ter mencionado todos eles de memória, praticamente. Mas o que desejo dizer é que a Igreja Evangélica Assembleia de Deus é muito maior que pastores (ou grupos de pastores) que se desviaram da verdade por amor ao dinheiro (2 Pe 2.1-3; 2 Co 2.17) e outros interesses. Ela é muito maior que disputas políticas e desavenças pessoais.

Diante do exposto, não considero justo denegrir denominações históricas, reconhecidamente compromissadas com o Evangelho, por causa de acontecimentos isolados recentes. Na verdade, se essa criticidade generalizante fosse justa perante Deus, nenhuma denominação histórica escaparia. Todas elas, sem exceção, em algum momento, tiveram em suas fileiras pessoas mal-intencionadas que promoveram escândalos. Penso que a crítica relevante e proveitosa é a que é feita segundo a reta justiça, levando-se em consideração todas as exceções possíveis.

De um assembleiano que ama a Assembleia de Deus, mas adora o Deus da Assembleia,

Ciro Sanches Zibordi

domingo, 26 de setembro de 2010

Deus usou uma jumenta ou apenas abriu a sua boca?


Muitos irmãos me perguntam se Deus usou mesmo uma jumenta. A dúvida existe principalmente porque há hermeneutas (hermeneutas?) que se apegam a questiúnculas, para afirmar que Deus não usou a jumenta. Ele teria apenas aberto a sua boca (cf. Nm 22.28), para que ela falasse por conta própria o que estava sentindo...

Ora, é claro que Deus usou uma jumenta para repreender Balaão, assim como também usou um grande peixe para engolir a Jonas e um galo para despertar a consciência de Pedro. É evidente que não houve uma mensagem profética do tipo “Assim diz o Senhor” — e é a isso que se apegam os que dizem que Deus não usou a jumenta. Mas sabemos que jumentas nunca falaram; não possuem mecanismos para falar. Elas não raciocinam como os seres humanos, pois não foram dotadas por Deus da mesma capacidade humana para pensar e expressar o seu pensamento.

Como teria uma jumenta raciocinado e repreendido o profeta, que a espancava? Não há dúvidas de que Deus mesmo abriu a boca da jumenta, usando-a para despertar Balaão. Somente depois de ele ter reconhecido o seu erro, ao ouvir as palavras do animal, que o Senhor abriu os seus olhos para ver o anjo à sua frente. Disse-lhe a jumenta, ao seu espancada: “Que te fiz eu, que me espancaste estas três vezes? [...] Porventura, não sou a tua jumenta, em que cavalgaste desde o tempo que eu fui tua até hoje? Costumei eu alguma vez fazer assim contigo?” Balaão respondeu: “Não”. E escritor sagrado concluiu: “Então, o Senhor abriu os olhos a Balaão...” (Nm 22.28-31).

O profeta só viu o anjo depois de ter ouvido a repreensão da jumenta. É, portanto, um equívoco pensar que o animal, por conta própria, teria raciocinado, articulado bem as sílabas e impedido a loucura do profeta... Deus, de fato, abriu a boca da jumenta e lhe deu palavras inteligíveis, como se fosse uma pessoa falando, a fim de repreender Balaão: “Mas teve a repreensão da sua transgressão; o mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta” (2 Pe 2.16). Isso foi um milagre, uma ação divina sobrenatural!

CSZ